doença renal crónica
hemodiálise
estratégias de enfrentamento
resiliência
adaptação

A doença renal crónica (DRC) é uma condição caracterizada pela perda irreversível da função renal, tornando-se uma preocupação crescente de saúde pública devido ao aumento global da sua incidência e ao impacto significativo na morbimortalidade. Utentes em estágio terminal da DRC, frequentemente dependem da hemodiálise, um procedimento essencial, porém invasivo. Tanto a condição de saúde quanto o tratamento impõem alterações substanciais na rotina diária e na qualidade de vida dos utentes. Cabo Verde enfrenta desafios semelhantes aos outros contextos, com uma incidência crescente de DRC e suas complicações. Este estudo busca investigar as experiências dos utentes com DRC diante das dificuldades impostas pela doença e seu tratamento. O objetivo desta pesquisa é analisar as estratégias de enfrentamento e a resiliência dos utentes com DRC em tratamento de hemodiálise no Centro de Diálise do Hospital Dr. Baptista de Sousa (HBS). Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, com abordagem fenomenológica. Participaram do estudo 12 utentes inscritos no centro de diálise do HBS. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada e para análise dos resultados recorreu-se a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2009). Os resultados indicam que os estes enfrentam uma série de dificuldades abrangendo os níveis físicos (cansaço extremo, fraqueza, dores musculares e cãibras, que limitam suas atividades diárias e reduzem a qualidade de vida), emocionais (ansiedade, depressão, medo, solidão e estigma social) e sociais (perda de emprego, problemas financeiros e dificuldades relacionadas ao transporte para chegar ao hospital). Para dar resposta a estas dificuldades utilizam diversas estratégias de enfrentamento que inclui a aceitação da condição de saúde, a manutenção de uma atitude positiva, o aprendizado a partir das dificuldades, a fé e espiritualidade, o suporte social e familiar e o engajamento em atividades saudáveis. A resiliência destes utentes se manifesta pela aceitação da condição de saúde, força interior, vontade de viver e a capacidade de superar crises e desafios, promovendo um enfrentamento positivo diante das adversidades. As estratégias de enfrentamento influenciam positivamente tanto a resiliência quanto a capacidade de adaptação destes utentes. Sendo que desempenham um papel fundamental auxiliando os utentes a desenvolver uma força interior que lhes permite enfrentar adversidades com determinação e se adaptar às novas realidades impostas pela DRC.